A Questão dos Limites
Não restam dúvidas de que hoje há insegurança sobre a educação dos filhos. Existem teses e teorias diversas, que apontam direções, muitas vezes opostas, e que criam um dilema para os pais:
- Como educar? Qual é o caminho correto?
Uma coisa parece ser certa: as atitudes firmes e coerentes são fundamentais na educação dos filhos.
Limites, regras e vida em sociedade
Por mais que lhe custe ouvir falar deste assunto, não se esqueça que os limites e as punições são uma constante nas nossas vidas. Por exemplo: um motorista que segue acima do limite máximo de velocidade permitido, será multado, ou seja, punido.
Viver em sociedade significa obedecer as regras. Muitas vezes não percebemos, mas estamos constantemente a respeitar e a definir limites. Não seria possível viver coletivamente sem eles. Por isso, a criança precisa aprender desde cedo como comportar-se em grupo.
Naturalmente que é dever dos pais atender os pedidos dos filhos, mas sempre dentro de determinados limites impostos pela sociedade e pela educação dos próprios progenitores. É preciso saber dizer não, de uma forma positiva e coerente, caso contrário vamos estar interferindo no desenvolvimento correto da criança.
Saber dizer "não"
Dizer "não" a uma criança é uma atitude, dentro do processo educativo, necessário e saudável. A criança precisa compreender que existem regras, que tudo tem um momento certo e que há horas para brincar, para dormir, estudar etc. Quando a criança tem liberdade total, tem dificuldade em apreender e aceitar regras e limites.
A falta de firmeza dos pais leva a criança a impor a sua vontade. Então, é ela que determina o que vai comer, o que vai vestir, que programa assistir na TV, como deve ser mobiliado seu quarto, etc. Habituados a impor a sua vontade, a criança e o adolescente não aceitam ser contrariados.
Dizer "não" a uma criança, no momento certo, não é prejudicial. Muito pelo contrário. Esta pequena palavra é necessária, uma vez que a criança está construindo a sua concepção do mundo. A criança precisa de conhecer os limites, saber distinguir aquilo que pode ou não ser feito, para conseguir viver em sociedade.
Ao contrário do que muitos pais pensam, a criança é capaz de entender um "não". A recusa não gera traumas, mas tem que ter uma razão e coerência.
Ao proferir a negação, o adulto mostra que se preocupa com a criança, e, para ela, isto vale muito mais do que muitos brinquedos ou a realização de todas as suas vontades. Ela poderá chorar ou "fazer birra", mas isso faz parte da sua socialização.
Assim, o adulto deve pensar no bem da criança quando tiver diante de si uma situação em que precise negar. Pode ser um pouco difícil dizer não, mas é preferível ver uma cara triste por apenas alguns momentos, do que testemunhar problemas mais graves que poderão fazer a criança sofrer mais tarde.
Os limites, os castigos e a culpa
Os limites ensinam à criança como respeitar o próximo, facilitando a socialização, por isso devem fazer parte da educação. Uma vez que vivemos em sociedade, é necessário haver respeito pelas regras pelas quais esta se rege.
Quando um limite não é respeitado, é importante que haja um "castigo", que não deve ser físico. Pode-se, por exemplo, proibir uma brincadeira ou um passeio de que a criança goste. Mas atenção, a punição deve ser sempre equivalente à gravidade do ato cometido e aplicada de imediato.
É importante deixarmos claro que "limite" é diferente de "repressão". O primeiro atua sobre a criança através dos castigos, enquanto que a repressão o faz através da culpa. O castigo age sobre o ato e a culpa sobre a pessoa.
Durante o desenvolvimento da criança, estabelecer e conhecer os limites é saudável quando estes se referem apenas aos atos, não desmerecendo ou desvalorizando a pessoa.
A criança não deve sentir-se culpada pelos seus atos, mas ser-lhe imputada responsabilidade por estes.
Alguns limites - conselhos
Assim, aqui vão alguns conselhos para conseguir colocar limites de uma forma positiva:
- Não autorize ou proíba conforme os seus desejos pessoais e o estado de espírito do momento;
- Demonstre que os adultos também têm limites a respeitar;
- Justifique os motivos do limite: "não faça isso porque eu não quero ou porque eu não gosto" não é justificação. As razões devem ter a ver com segurança e/ou com respeito;
- Não dê castigos físicos - rapidamente deixam de surtir efeito;
- Diga qual punição quando um limite é ultrapassado, e não deixe de a executar;
- Dê castigos brandos para atitudes pouco graves e castigos pesados para atitudes graves;
- Deixe claro que a punição corresponde ao ato e não à pessoa;
- Repita um "não" quantas vezes for necessário;
- Use a sua autoridade sem humilhar;
- Use da afetividade para impor limites.
- Dar o exemplo - ajustá-lo à criança / ressalvar a diferença
- A criança precisa de parâmetros. Os adultos, são responsáveis diretos no que diz respeito à sua aprendizagem, porque as crianças buscam neles um reforço, seja ele negativo ou positivo. Por isso, é preciso estar atento aos comportamentos que tomamos.
- Lembre-se que os nossos modos são imitados pelas crianças. Se dizemos que uma atitude não é correta e mesmo assim a fazemos, com certeza a criança ficará insegura, não acreditará no que lhe é dito e fará exatamente o que não devia, já que ela aprende muito mais pelo que vê do que pelo que ouve.
Para terminar
Explique sempre quando e por quê as suas ações lhe são permitidas a si e à criança não. Refira razões de capacidade, idade, segurança, adequação ou responsabilidade.
Nunca tenha medo de dizer "não", mas explique sempre por quê.
Deixe a criança colaborar, na medida do possível, ensine.
Fonte: http://www.armazemdeideias.net/ebd/ensino_para_criancas/artigos/a_questao_dos_limites.html
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